Com o objetivo de promover aproximação entre alunos e tornar a transição do ensino fundamental 1 para o 2 mais fácil, as escolas municipais Cambury, Maria da Conceição de Deus Santos e a escola Guiomar Aparecida da Conceição Sousa, de Boiçucanga, todas localizadas na Costa Sul, realizaram um projeto chamado “Interação”, que teve sua culminância na praia da Baleia, na última semana.
A ação teve início através do coordenador da EM Guiomar, Marcelo Rodrigues, que contou com o apoio de professores e equipes gestoras das escolas envolvidas, além da equipe da unidade Antônio Luiz Monteiro.
Rodrigues, que já trabalhou no ensino fundamental 2, viu a dificuldade dos alunos que saem do 5º para o 6º ano em se adaptarem as mudanças de escola e rotina. “Indo pra uma escola nova, você vai ter regras novas, uma equipe gestora nova, você sai de um ou dois professores pra oito professores. Você tem aulas de 50 minutos quando se tinha um ‘aulão’ de 4 horas, e agora isso tudo mudou. Tudo isso causa um estresse neles muito grande nessa fase de transição”, ressaltou o coordenador.
Outra questão que acaba gerando atritos é a mistura de crianças de diferentes comunidades. “Quando chegam lá são realidades diferentes vividas, aquela coisa do bairrismo acontece e os conflitos começam”, destacou.
O “Interação” propõe uma melhor experiência nesse processo de transição. Para isso, foi realizada no princípio a troca de cartazes entre as escolas com as expectativas e angústias de cada turma para o sexto ano. Depois, por meio de cartas as crianças puderam se relacionar com até três outros alunos e trabalhar o gênero textual carta.
O professor contou que para desenvolver essa parte do projeto foi utilizado o conteúdo aprendido em uma formação realizada pela Secretaria da Educação sobre produção textual juntamente com os conceitos da escola ativa trazidos pelos formadores da Caravana do Esporte.
E para auxiliar na entrega dessas cartas foi feita uma parceria com os correios, onde agentes realizaram as três trocas entre as escolas. Um dos carteiros, Anderson da Silva, disse como foi participar do projeto. “Ver o sorriso no rosto de uma criança é muito bom, e como eu sabia que era criançada eu abracei a causa logo de cara”, declarou.
Outra parte do projeto foi a visita das escolas, em diferentes dias, a escola Antônio Luiz Monteiro, em Boiçucanga, onde as crianças farão o sexto ano. Eles puderam conhecer a escola, sua rotina e equipe gestora da unidade.
Para culminar o “Interação”, foi realizado um piquenique para que as crianças se conhecessem pessoalmente na praia da baleia. As estudantes Marielly da Costa Santos, 11, e Emilly Barbosa dos Santos, 11, relataram a experiência. “Eu achei muito legal porque eu pude conhecer pessoas novas, eu estava bem ansiosa pra conhecer ela”; “Foi divertido, mas fiquei meio tímida”, revelaram elas.
O projeto tem continuidade no ano que vem. Na reunião de planejamento as equipes gestoras do fundamental I vão à escola Antônio Luiz Monteiro para conversar com os professores que irão receber os alunos, passando informações sobre suas características, as expetativas e angústias.
O término ocorrerá no final do primeiro bimestre, quando será feita uma nova conversa entre a equipe e os novos professores para levantar de dados e avaliar os efeitos do projeto e se os objetivos foram atingidos.
“Eu espero que haja um resultado positivo, não só para eles agora socialmente, mas mais pra frente, para quando se encontrarem no sexto ano, eles não olhem um pro outro e fiquem ‘Quem é você?’, eu quero que eles olhem um pro outro e digam ‘Você!’, e que isso torne esse momento deles, esse primeiro bimestre no sexto ano muito mais tranquilo, muito mais produtivo e mais acolhedor, essa é nossa esperança”, finalizou Rodrigues.